UM POEMA É UM COITO
Um poema é um coito
que nom tivo lugar,
maré de lascívia que,
ao nom dar com o oceano,
quebrou muros de palavras
e avançou como umha enchente
sobre a chaira de papel...
Um poema nace
após uns nove meses,
dumha saia que bambea,
dumhas ligas,
que alterárom os nervos
e os deixárom vulneráveis.
Um poema é umha pera,
um sucedáneo,
que descarrega por um tempo
a exigência dos colhões.
Um poema é um coito
e, ao mesmo tempo,
um coito é um poema.
1959
William Auld (1924-2006), poeta escocês em esperanto
(notas para lusófonas/os nom galegas/os: tivo: teve; chaira (do latim PLANARIA): planície; pera: punheta, segóvia, masturbaçom)