sexta-feira, 13 de outubro de 2017

As torres da capital



AS TORRES DA CAPITAL

Onde esconderei
os negros trevões?
No cérebro, no cérebro.

A maré dos meus dias
muda em silêncio;
agrisalham os meus longos
longos
cabelos, e por dentro,
mesmo no centro do músculo do coraçom,
aninha o cancro. 

Muitas mensages tenho enviado
às torres brancas da capital,
mais como resposta
brotou um rio fluido de negras sombras
que, mudo
e incerto,
se foi dilatando até a turbina cerebral.
Aboiam pois inutilmente
os flocos vermelhos da Esperança;
hai já por toda a parte
nenos que nunca nacerám.

No cérebro, no cérebro.

Mauro Nervi (1959-), escritor italiano em esperanto

http://esperanto.net/literaturo/bk/verk/turcefurb.html