Mostrar mensagens com a etiqueta Clelia Conterno. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Clelia Conterno. Mostrar todas as mensagens

sábado, 13 de outubro de 2018

A coroa


A COROA

Eu levo umha coroa
de luz de estrelas e hirtas espinhas
enquanto junto a mim caminhas,
ó meu meninho, meu cativo.
Reviram-se as mulheres pra me olharem
tal se a coroa ardesse nos ares:
ou é feita de chamas de alegria,
ou nos meus olhos o reflexo brilha
dos teus, que o Paraíso vírom:
no mais profundo guardam
asas de anjos, risos divinos,
sorrisos das Virges
co neno no colo, de olhar infinito;
pois eu bendita som entre as mulheres
e tu, meu fruto, és tamém bendito.

Clelia Conterno Guglielminetti (1915-1984), poeta italiana

(notas para lusófonas/os nom galegas/os: meninho, cativo, neno: meninho)




terça-feira, 28 de agosto de 2012

Laika 1957



LAIKA
1957

Laika, cadela de olhares vivos,

viaja entre as estrelas sem sabê-lo:

o que ela espreita ficará em segredo...
Laika, ingénua e simples e cativa,
na vida tam terrivelmente soa,
a ti semelha
o meu meninho quando está dormindo
e vai polas estrelas sem sabê-lo:
o que el enxerga ficará em segredo.
Numha solidom atroz
o meu pequerrechinho
vive o íntimo drama do sono,
a pairar no infinito,
frágil criatura indefesa.
E quando entom regresa,
como tu, Laika, se afinal voltares,
el guarda os segredos das estrelas
nas suas pupilas negras,
e guarda nas orelhas,
conchinhas cor-de-rosa,
a música eterna do espazo,
mais nom pode dizê-lo,
el sabe todo e nom sabe nada,
como tu, Laika.

Clelia Conterno Guglielminetti (1915-1984), poeta italiana em esperanto


(notas para lusófonas/os nom galegas/os: cativa: pequena. Meninho: menino, bebé. Pequerrecho: pequerrucho, criança)